Voltar
no tempo...
Fazemos
isso constantemente.
Evasão
do tempo, do espaço, das ideias.
O
retorno ao passado não está necessariamente ligado aos fatos que vivemos, mas a
outro período da história.
No
caso aqui, com Campinas.
Trata-se
da época da Maria Fumaça.
Na
estação Anhumas, é possível fazer isso.
Saudosistas,
nostálgicos, pais com crianças, idosos, turistas e curiosos: está aberto um espaço
a todos. Um pequeno museu ferroviário.
Escondido
entre a Rodovia Don Pedro e o Ribeirão Anhumas, o visitante pode fazer este
passeio até Jaguariúna, passando por estações ao longo desta linha férrea,
dentre elas Pedro Américo, Tanquinho, Carlos Gomes...
Cenário
constante de gravação para novelas, filmes, minisséries.
O
olhar observador e a historicidade do local evocam como seria aquele mesmo
ambiente nos tempos de outrora, em pleno auge da Maria Fumaça.
Trajes
típicos: mulheres com vestidos longos e chapéus; ao passo que homens com terno,
colete, lenço no bolso, calça de linho, sapatos bem engraxados.
Aos
que viajavam para ficar mais tempo ou que vinham de longa distância, um volume
maior de bagagens, com algum ajudante apto a assistir devidamente os viajantes.
Aguardando
na estação, familiares ansiosos, com o coração esperando para matar a saudade
de quem chegava.
Em
contrapartida, aos que iam, as lágrimas ou mesmo os prantos da despedida.
Nos
arredores da estação, pessoas presentes no local devido as mais diferentes
motivos (não necessariamente com a viagem).
Espaço
para vendedores, local de encontros frequentes de amigos, curiosos da vida
alheia...
Do
lado externo, charretes simples ou mesmo sofisticadas para o traslado da
estação até as residências. Carros, um tanto que raros, mas também disputando
espaço com cavalos, supostamente, em maior quantidade.
(...)
Os
passageiros já despediram e estão acomodados, o maquinista dá o sinal, conforme
o costume, e parte para uma nova viagem. É hora da despedida para uns, adeus a
outros...
Em
momentos como este, o olhar de terceiros curiosos à paisana consegue perceber a
queda das lágrimas em alguns, tanto em quem parte, quanto em quem fica.
No
sentido contrário e, concomitantemente, uma nova locomotiva chega de longe,
após horas de deslocamento... Passageiros cansados e ansiosos, aflitos para o
fim da viagem... Corações aguardando, em muitos casos, saltitantes.
(...)
Comparemos
estas duas gerações, o passado movido à lenha das locomotivas com o
contemporâneo...
Evidentemente,
a atual mudou muito: mais conforto, mais rapidez, estilos, arquitetura...
Na
essência, uma situação permanece a mesma: as chegadas e partidas.
A
nossa estação continua aberta, e faz este mesmo fluxo com o coração.
Pessoas
continuam a entrar e sair de nossas vidas...
Há
aquelas chegam sem que estivéssemos esperando, ao passo que outras planejamos a
vinda, como filhos.
Umas
se despedem e depois voltam...
Outras
dizem até logo, sem saber que estão, na verdade, dizendo adeus.
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