domingo, 3 de junho de 2018

Despedida dos bondinhos


O ano era 1968, a cidade preocupada com revoltas estudantis, regime militar no país...

O mês era maio, de temperaturas baixas, mas de sangue quente, turbinado pela revolta e movimentos estudantis. Período tenso.

A cidade, conhecida como a mais próspera do interior paulista buscava a modernidade, e o sistema de transportes se enquadrava neste contexto.

No centro, bondinhos circulavam por muitas vias da cidade.

Acidentes, falta de segurança...

Na população, em sua maioria, um meio de transporte considerado ultrapassado, pesado, e que não atendia mais a necessidade de se ir a locais mais distantes.

Consta até que nas últimas tempos de trajetórias, o mesmo já ressoava ares até de preconceitos sociais, posto que já haviam outras alternativas de deslocamento que atendiam a pessoas com melhor poder aquisitivo.

E foi desta forma, num contexto em que muitos fatores externos eram mais importantes que o bondinho, que o último trajeto se efetivou. 

Decretou-se, assim então, sua obsolescência. Fadando o mesmo a somente uma página virada da memória, levando o mesmo ao ostracismo. 

Ficou somente residente na memória dos saudosistas e nostálgicos.

E em maio de 1968 realizou-se a última corrida. Corrida esta que, no seu início, lá pelos primórdios de 1879, puxava passageiros que chegavam na estação ferroviária, e os levava até a praça da catedral, utilizando-se a Rua Treze de Maio como trajeto. E quem fazia isso não era a eletricidade, mas as mulas, que durante o dia puxavam os carris.

Torre do Castelo

Quem vai ao Castelo, dificilmente deixará de perceber a torre erguida no alto da cidade.

Local que se destaca fisicamente por vários pontos de Campinas, devido seu posicionamento estratégico.

Ponto recomendável para se ir nos fins de semana, no fim das tardes, para se ver o pôr do sol, através do seu mirante.

Assim é este monumento, de acesso fácil e localizado no bairro Jardim Chapadão.

Um conjunto de fatores geográficos propiciam esta melhor visualização do entardecer:
  • altura de edificação, cerca de uns 27 metros e num local, já alto;
  • o horizonte no sentido oeste, local para onde o sol se vai (rumo à Cosmópolis);
  • as construções da vizinhança, bem baixas em sua maioria, sem a criação de obstáculos.
Consta que sua construção esteja ligada com o processo de expansão da cidade, que tinha neste local um ponto estratégico para se ter uma enorme caixa d’água, com condições adequadas para reservar e enviar água aos pontos mais distantes em relação ao centro, começando-se pelo chapadão.

A pequena edificação foi arquitetada no estilo art déco, tendo sido construída no auge da Era Vargas, de 1936 à 1940, e no ponto central de geolocalização de Campinas, ou seja, o marco geodésico. 

Por meio de ruas e avenidas de acesso(seis no total), sua rotatória foi projetada à semelhança do acesso ao Arco do Triunfo, em Paris.

Em suas repartições internas, há um museu vinculado à história da água, estando ligado à SANASA. 

Além disso, devido ao seu visual, o visitante tem um suporte de localização lá dentro para assisti-lo na identificação dos diversos pontos avistados nas alturas. Destaque especial, por sua distância, à Serra do Japi (Jundiaí). Esta fica há cerca de 40km de distância de lá. E pode, naturalmente, ser visualizada do seu alto.

sábado, 2 de junho de 2018

Rua Aurora Campineira

Andando pelas ruas e vielas do bairro.
Entre ladrilhos e paralelepípedos, um vínculo entre presente e passado.
Num trocadilho com as proximidades com a ferrovia, a sensação de que o tempo se foi pelos trilhos, e as casas se apegaram ao passado.
Nesta evasão do tempo, a visualização do simples.
Construções ainda peculiares, outras um tanto que decadentes.
É... Resistir ao tempo não é fácil.
As precárias estruturas das casas traduzem bastante isso.
Andar por algumas áreas do Bairro Ponte Preta é assim, o que nos remete a um olhar do passado, que pode assumir nuances de nostalgia e/ou saudosismo no coração das pessoas, em especial aos que tenham conhecido esta microrregião em décadas anteriores.
Caminhos silenciosos e desconhecidos podem te colocar num ligeiro e suave labirinto, já que muitas delas são sem saída.
Num olhar observador do bairro com a ferrovia, poder-se-ia vincular facilmente passado e passado e presente: e ver como a linha férrea levou o progresso consigo, deixando para trás os tempos idos, que se materializou nas antigas construções.
No movimento das ruas, pouca circulação de pessoas ou carros.
Em muitas fachadas, o desejo de evadir-se dali, o que é visto por vários anúncios de venda.
E na conjunção de tudo isso uma descoberta inusitada, que traduziria, literalmente, este passado.
Passado este que está se desvanecendo e, aos poucos deve se fragmentar.
Literalmente, pegando carona na linha do tempo, com o trem.
Trata-se da rua Aurora Campineira, rua ligada aos primórdios e formação da cidade.