segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Bairro Ponte Preta

            Um dos bairros mais antigos de Campinas, que vem se modernizando nos últimos anos com a expansão imobiliária.
            O bairro que antes era tranquilo, agora já enfrenta (em alguns momentos) um ligeiro congestionamento nos horários em que as pessoas vão e retornam do trabalho. Algo perceptível na Ângelo Simões, Saudade e Abolição. Mesmo assim, a tranquilidade pode ainda ser notada em ruas como Afonso Pena, Henrique Dias...
            Com seus moradores mais antigos é possível conhecer mais detalhes, contos e histórias do bairro. Pessoas que veem hoje as mudanças naturais que o bairro vem passando, m as que não trocariam jamais de endereço.
            Há algumas décadas o bondinho era o principal veículo que unia o centro ao Cemitério da Saudade. Junto à entrada deste, podemos ver uma homenagem de Campinas aos soldados que entregaram suas vidas na Revolução de 32. A revolução é um marco para o Estado, tanto que isto é sempre oficialmente lembrada no calendário civil do Estado. Trata-se do feriado de 09 de julho. Uma homenagem aos combatentes.
            Em conversas com antigos residentes da Rua Abolição ... muitas lembranças e casos. Contos de jovens que, durante os vários ciclos e fases da ditadura militar, eram clinicamente diagnosticados como loucos e levados para o Sanatório Santa Isabel, simplesmente por serem considerados subversivos ao regime at&e acute; então vigente. O prédio foi desativado durante um bom tempo. Depois foi albergue para moradores de rua. Hoje faz parte do condomínio residencial Pateo Abolição. Passou por uma considerável reforma, tendo sua fachada preservada. Agora o mesmo se encontra incorporado ao condomínio e é, naturalmente, privado. Ainda na Abolição, muita conversa era trocada na Padaria Santo Antônio, na barbearia do Seu Zé e no Bar Canindé. Neste reduto, de praxe, podia se fazer uma fezinha com o jogo do bicho. Hoje, isso tudo acabou. E só ficou nas lembranças de quem conta.
            Para a comodidade dos comerciantes locais, podia se fazer a contabilidade ali mesmo, sem a necessidade de ir ao centro, o que, naturalmente, tinha outras opções. Isso podia ser feito no Escritório Contábil São Manoel.
            Mudando de rua, indo para a Saudade, vemos a religiosidade presente numa das maiores Igrejas de Campinas, a de Santo Antônio. Sempre cheia aos domingos, a mesma tem um movimento atípico de fiéis e visitantes uma vez por ano, o que é bem além de sua rotina e do calendário litúrgico convencional. Isso ocorre em junho, na data do Padroeiro. É um número expressivo de devotos que visitam a mesma com vários propósitos de alcançar graças, em especial a do casamento. Outro ponto nesta rua e que não existe mais é o Instituto Adolfo Lutz, produtor de vacinas. Neste local temos hoje o moderno prédio da SANASA.
            Duas escolas de mesmo nome havia na Saudade: o Colégio Dom Barreto. O particular está em pleno funcionamento de suas atividades. O estadual não existe mais no local.
            Durante um bom tempo, e especialmente aos domingos, era comum se comprar marmitas das irmãs. Naquela época, as pessoas levavam marmitas de alumínio de casa, e elas voltavam cheias de comida para o almoço dominical, com um tempero especial que valia a pena.
            Na parte do misticismo, havia uma benzedeira muito famosa na região, que morava próxima à ponte em que começa a Avenida Ângelo Simões. Dona Dioma, como era conhecida, tinha poderes adicionais com suas orações. Era uma benzedeira que atraía gente de todas as partes da cidade e de outros municípios. Curava muitos males que a medicina nem sequer prescrevia.
            Quanto à boemia, isso não mudou. Alguns bares até fecharam e outros abriram, mas esta essência do bairro se manteve, e é uma marca registrada. Um bar que é muito conhecido tanto pelos nostálgicos quanto saudosistas é o Canindé, que hoje só resta na memória. Por outro lado, existem os tradicionais que continuam a todo vapor, como Adega Santo Antônio (de influência portuguesa, com bandeira de Portugal e imagem de Nossa Senhora de Fátima – para quem não souber: a padroeira dos lusitanos); o Vadico (reaberto e restaurado pelo filho do mesmo recentemente); o Soares e outros mais... A lista aqui é longa e considerável.
            Uma curiosidade aos leitores que não conhecem Campinas... A Ponte Preta - que é o maior e mais popular clube de futebol de Campinas - não fica no bairro que leva o mesmo nome. O clube fica no Jardim Proença.
            Conhecer o bairro da Ponte Preta é algo que vale a pena. É um bairro cheio de peculiaridades, com presença significativa na história de Campinas. O bairro tem incontáveis pontos positivos. A ideia aqui é somente exaltar a região, que tem vastas qualidades e merece uma visita detalhada e com tempo. Sugiro que os interessados em saber mais sobre a cidade façam o mesmo.

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