segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Campinas - Bairro Ponte Preta

           Um dos bairros mais antigos de Campinas, que vem se modernizando nos últimos anos com a expansão imobiliária.
            O bairro que antes era tranquilo, agora já enfrenta (em alguns momentos) um ligeiro congestionamento nos horários em que as pessoas vão e retornam do trabalho. Algo perceptível na Ângelo Simões, Saudade e Abolição. Mesmo assim, a tranquilidade pode ainda ser notada em ruas como Afonso Pena, Henrique Dias...
            Com seus moradores mais antigos é possível conhecer mais detalhes, contos e histórias do bairro. Pessoas que veem hoje as mudanças naturais que o bairro vem passando, m as que não trocariam jamais de endereço.
            Há algumas décadas o bondinho era o principal veículo que unia o centro ao Cemitério da Saudade. Junto à entrada deste, podemos ver uma homenagem de Campinas aos soldados que entregaram suas vidas na Revolução de 32. A revolução é um marco para o Estado, tanto que isto é sempre oficialmente lembrada no calendário civil do Estado. Trata-se do feriado de 09 de julho. Uma homenagem aos combatentes.
            Em conversas com antigos residentes da Rua Abolição ... muitas lembranças e casos. Contos de jovens que, durante os vários ciclos e fases da ditadura militar, eram clinicamente diagnosticados como loucos e levados para o Sanatório Santa Isabel, simplesmente por serem considerados subversivos ao regime até então vigente. O prédio foi desativado durante um bom tempo. Depois foi albergue para moradores de rua. Hoje faz parte do condomínio residencial Pateo Abolição. Passou por uma considerável reforma, tendo sua fachada preservada. Agora o mesmo se encontra incorporado ao condomínio e é, naturalmente, privado. Ainda na Abolição, muita conversa era trocada na Padaria Santo Antônio, na barbearia do Seu Zé e no Bar Canindé. Neste reduto, de praxe, podia-se fazer uma fezinha com o jogo do bicho. Hoje, isso tudo acabou. E só ficou nas lembranças de quem conta.
 Para a comodidade dos comerciantes locais, era possível fazer a contabilidade ali mesmo, sem a necessidade de ir ao centro, o que, naturalmente, tinha outras opções. Isso podia ser feito no Escritório Contábil São Manoel.
            Mudando de rua, indo para a Saudade, vemos a religiosidade presente numa das maiores Igrejas de Campinas, a de Santo Antônio. Sempre cheia aos domingos, a mesma tem um movimento atípico de fiéis e visitantes uma vez por ano, o que é bem além de sua rotina e do calendário litúrgico convencional. Isso ocorre em junho, na data do Padroeiro. É um número expressivo de devotos que visitam a mesma com vários propósitos de alcançar graças, em especial a do casamento. Outro ponto nesta rua, e que não existe mais, é o Instituto Adolfo Lutz, produtor de vacinas. Neste local, temos hoje o moderno prédio da SANASA.
            Duas escolas de mesmo nome havia na Saudade: o Colégio Dom Barreto. O particular está em pleno funcionamento de suas atividades. O estadual não existe mais no local.
            Durante um bom tempo, e especialmente aos domingos, era comum se comprar marmitas das irmãs. Naquela época, as pessoas levavam marmitas de alumínio de casa, e elas voltavam cheias de comida para o almoço dominical, com um tempero especial que, segundo os mais antigos, valia a pena.
             Na parte do misticismo, havia uma benzedeira muito famosa na região, que morava próxima à ponte em que começa a Avenida Ângelo Simões. Dona Dioma, como era conhecida, tinha poderes adicionais com suas orações. Era uma benzedeira que atraía gente de todas as partes da cidade e de outros municípios. Curava muitos males que a medicina nem sequer prescrevia.
            Quanto à boemia, isso não mudou. Alguns bares até fecharam e outros abriram, mas esta essência do bairro se manteve, e é uma marca registrada. Um bar que é muito conhecido tanto pelos nostálgicos quanto saudosistas é o Canindé, que hoje só resta na memória. Por outro lado, existem os tradicionais que continuam a todo vapor, como Adega Santo Antônio (de influência portuguesa, com bandeira de Portugal e imagem de Nossa Senhora de Fátima – para quem não souber: a padroeira dos lusitanos); o Vadico (reaberto e restaurado pelo filho do mesmo recentemente); o Soares e outros mais... A lista aqui é longa e considerável.
            Uma curiosidade aos leitores que não conhecem Campinas... A Ponte Preta, que é o maior e mais popular clube de futebol de Campinas, não fica no bairro que leva o mesmo nome. O clube fica na Vila Lídia.
            Conhecer o bairro da Ponte Preta é algo que vale a pena. É um bairro cheio de peculiaridades, com presença significativa na história de Campinas. O bairro tem incontáveis pontos positivos. A ideia aqui é somente exaltar a região, que tem vastas qualidades e merece uma visita detalhada e com tempo. Sugiro que os interessados em saber mais sobre a cidade façam o mesmo.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Dom Barreto

 DOM FRANCISCO DE CAMPOS BARRETO



Nascimento: 28 de março de 1877.

Localidade do nascimento: Arraial de Souzas.

Paternidade: Joaquim de Campos Barreto e de Gertrudes Leopoldina de Morais

Irmãos: João, Anna, Jesuíno, Ludovina e Aníbal.

Batismo: 21 de abril de 1877

Ordenação como sacerdote:22 de dezembro de 1900, na Catedral de São Paulo

amília tradicional da cidade.

Foi batizado no dia m Ordenado sacerdote no dia.



De maio de 1903 a dezembro de 1904 foi Pároco no Arraial dos Souzas.

Em 1904 foi transferido para a Matriz de Santa Cruz, sendo o seu 5º Vigário.

No dia 09 de março de 1908, o Santo Padre, Papa Pio X, lhe conferiu o título de Monsenhor e de Camareiro secreto,.

No dia 12 de maio de 1911, através da Bula Papal Dilectis filiis erigendo, foi nomeado para primeiro Bispo da nova Diocese de Pelotas, no Rio Grande do Sul.

No dia 25 de maio, ao meio dia, no Palácio Episcopal, fez a Profissão de Fé e o juramento de fidelidade à Igreja a Dom João Nery, por delegação recebida da Santa Sé.

Sua Ordenação Episcopal foi na Catedral de Campinas, em 27 de agosto de 1911; Seu lema Episcopal era Dominus Regit Me – O Senhor me Governa. Assumiu a Diocese de Pelotas no dia 21 de outubro de 1911. Durante seus nove anos como Bispo de Pelotas, publicou 17 Documentos Pastorais diversos. Em janeiro de 1912 criou o retiro espiritual para o clero e estabeleceu, depois, conferências para os fiéis na Catedral de São Francisco e em vários locais. No dia 30 de junho de 1920, foi transferido para a Diocese de Campinas, através de ato assinado pelo Papa Bento XV. Dom Barreto tomou posse da sua nova Diocese em 14 de novembro de 1920. .



Fundou juntamente com Madre Maria Villac, o Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado, religiosas que mantêm trabalho pastoral em diversos países do mundo. Barreto, em meio a comoção geral, disse: “Não tenho medo de morrer, porque espero estar na graça de Deus. Professo ter vivido e querer morrer no seio da Santa Igreja Católica e deposito a profissão de fé nas mãos do Sr. Arcebispo. Procurei sempre cumprir meu dever e agir com reta intenção, mas se porventura magoei a alguém, peço que desculpe e perdoe”. Dom Barreto faleceu às 22h52 do dia 22 de agosto de 1941, no Palácio Episcopal.Seu sepultamento se deu no dia 23 de agosto, na Cripta da Catedral Metropolitana de Campinas. Por ocasião dos 25 anos de seu falecimento, no dia 22 de agosto de 1966, e fazendo cumprir o seu Testamento, seus restos mortais foram trasladados para o Mausoléu da Casa Generalícia das Missionárias de Jesus Crucificado. Hoje traslado na Catedral de Campinas


sexta-feira, 8 de março de 2019

Colégio Culto à Ciência

Fundação:1874

Proposta inicial: 
Criada por uma associação, a ideia era que o estabelecimento de ensino fosse uma escola particular de elite para meninos.

Localização:
Centro antigo de Campinas, numa rua que leva o mesmo nome: Rua Culto à Ciência.

Como era formada a associação criada?
Por fazendeiros, políticos, intelectuais e comerciantes da cidade de Campinas.

Havia algum vínculo na época com a Maçonaria?
Sim. E quase todos os pertencentes à associação eram maçons.

Esta proposta inicial se manteve por muito tempo?
Ela durou por cerca de uns 16 anos, até por volta de 1890.
Nesta época, a escola entrou em crise, vindo a fechar as portas.

Ficou fechada por muito tempo?
Sim, por cerca de uns seis anos.

E como foi a reabertura?
A escola, decorridos cerca de seis anos foi reaberta, seguindo a mesma linha original: a de educação voltada para meninos.

Nesta nova administração, quem passou a ser o responsável?
Com a reabertura, o Estado de São Paulo passa a ter o controle/gestão do Culto à Ciência.

Depois deste episódio inicial, houve mais algum fechamento?
Não. E a escola não se fechou mais.
Ademais, tornou-se uma escola de referência no ensino de alta qualidade.
Sobretudo até a década de 60.

Da década de 60 até os dias de hoje...
A escola mantém-se aberta a todas as classes sociais (para meninos e meninas).
Porém, os projetos educacionais estão longe dos padrões de excelência de outrora.
Com a precarização educacional por parte do Estado, e nas escolas públicas de maneira geral, o Culto ainda resiste ao tempo.
Mas os repasses do governo estadual decaíram consideravelmente ao longo das décadas.

Preservação:
O prédio foi recentemente reformado, e conta com uma ótima estrutura em pleno funcionamento.

Como se mantém seus ideais?
Hoje, ele fica muito dependente dos dirigentes locais, alunos e professores que, intermitentemente, tentam manter viva a sua história e todo o seu idealismo que foi construído ao longo da história.
E todo este esforço não tem sido em vão.
Não obstante, o Culto à Ciência é ainda uma referência na cidade de Campinas.

domingo, 3 de junho de 2018

Despedida dos bondinhos


O ano era 1968, a cidade preocupada com revoltas estudantis, regime militar no país...

O mês era maio, de temperaturas baixas, mas de sangue quente, turbinado pela revolta e movimentos estudantis. Período tenso.

A cidade, conhecida como a mais próspera do interior paulista buscava a modernidade, e o sistema de transportes se enquadrava neste contexto.

No centro, bondinhos circulavam por muitas vias da cidade.

Acidentes, falta de segurança...

Na população, em sua maioria, um meio de transporte considerado ultrapassado, pesado, e que não atendia mais a necessidade de se ir a locais mais distantes.

Consta até que nas últimas tempos de trajetórias, o mesmo já ressoava ares até de preconceitos sociais, posto que já haviam outras alternativas de deslocamento que atendiam a pessoas com melhor poder aquisitivo.

E foi desta forma, num contexto em que muitos fatores externos eram mais importantes que o bondinho, que o último trajeto se efetivou. 

Decretou-se, assim então, sua obsolescência. Fadando o mesmo a somente uma página virada da memória, levando o mesmo ao ostracismo. 

Ficou somente residente na memória dos saudosistas e nostálgicos.

E em maio de 1968 realizou-se a última corrida. Corrida esta que, no seu início, lá pelos primórdios de 1879, puxava passageiros que chegavam na estação ferroviária, e os levava até a praça da catedral, utilizando-se a Rua Treze de Maio como trajeto. E quem fazia isso não era a eletricidade, mas as mulas, que durante o dia puxavam os carris.

Torre do Castelo

Quem vai ao Castelo, dificilmente deixará de perceber a torre erguida no alto da cidade.

Local que se destaca fisicamente por vários pontos de Campinas, devido seu posicionamento estratégico.

Ponto recomendável para se ir nos fins de semana, no fim das tardes, para se ver o pôr do sol, através do seu mirante.

Assim é este monumento, de acesso fácil e localizado no bairro Jardim Chapadão.

Um conjunto de fatores geográficos propiciam esta melhor visualização do entardecer:
  • altura de edificação, cerca de uns 27 metros e num local, já alto;
  • o horizonte no sentido oeste, local para onde o sol se vai (rumo à Cosmópolis);
  • as construções da vizinhança, bem baixas em sua maioria, sem a criação de obstáculos.
Consta que sua construção esteja ligada com o processo de expansão da cidade, que tinha neste local um ponto estratégico para se ter uma enorme caixa d’água, com condições adequadas para reservar e enviar água aos pontos mais distantes em relação ao centro, começando-se pelo chapadão.

A pequena edificação foi arquitetada no estilo art déco, tendo sido construída no auge da Era Vargas, de 1936 à 1940, e no ponto central de geolocalização de Campinas, ou seja, o marco geodésico. 

Por meio de ruas e avenidas de acesso(seis no total), sua rotatória foi projetada à semelhança do acesso ao Arco do Triunfo, em Paris.

Em suas repartições internas, há um museu vinculado à história da água, estando ligado à SANASA. 

Além disso, devido ao seu visual, o visitante tem um suporte de localização lá dentro para assisti-lo na identificação dos diversos pontos avistados nas alturas. Destaque especial, por sua distância, à Serra do Japi (Jundiaí). Esta fica há cerca de 40km de distância de lá. E pode, naturalmente, ser visualizada do seu alto.

sábado, 2 de junho de 2018

Rua Aurora Campineira

Andando pelas ruas e vielas do bairro.
Entre ladrilhos e paralelepípedos, um vínculo entre presente e passado.
Num trocadilho com as proximidades com a ferrovia, a sensação de que o tempo se foi pelos trilhos, e as casas se apegaram ao passado.
Nesta evasão do tempo, a visualização do simples.
Construções ainda peculiares, outras um tanto que decadentes.
É... Resistir ao tempo não é fácil.
As precárias estruturas das casas traduzem bastante isso.
Andar por algumas áreas do Bairro Ponte Preta é assim, o que nos remete a um olhar do passado, que pode assumir nuances de nostalgia e/ou saudosismo no coração das pessoas, em especial aos que tenham conhecido esta microrregião em décadas anteriores.
Caminhos silenciosos e desconhecidos podem te colocar num ligeiro e suave labirinto, já que muitas delas são sem saída.
Num olhar observador do bairro com a ferrovia, poder-se-ia vincular facilmente passado e passado e presente: e ver como a linha férrea levou o progresso consigo, deixando para trás os tempos idos, que se materializou nas antigas construções.
No movimento das ruas, pouca circulação de pessoas ou carros.
Em muitas fachadas, o desejo de evadir-se dali, o que é visto por vários anúncios de venda.
E na conjunção de tudo isso uma descoberta inusitada, que traduziria, literalmente, este passado.
Passado este que está se desvanecendo e, aos poucos deve se fragmentar.
Literalmente, pegando carona na linha do tempo, com o trem.
Trata-se da rua Aurora Campineira, rua ligada aos primórdios e formação da cidade.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Igreja Menino Jesus de Praga

O marco inicial do Menino Jesus de Praga, aconteceu no dia 19 de março de 1967, com uma missa na casa do Senhor Gilberto parada, celebrada pelo Monsenhor Antônio Mariano da Silva Camargo, vigário da Paróquia Nossa Senhora das Dores.
A partir daí, as missas passaram a serem realizadas num galpão emprestado pela prefeitura, no local onde hoje fica o salão de festas da Igreja.
Em 11 de fevereiro de 1968 foi abençoado o local da futura capela e, em 20 de janeiro de 1971, foi lavrada a escritura de compra e venda do terreno.
Neste momento, finalmente os primeiros alicerces foram erguidos e a comunidade local via, com alegria, a concretização de um antigo sonho.
Para ajudar na construção, Monsenhor Antônio Mariano vendeu a antiga capela de são Sebastião, que ficava no Cambuí.
Dessa forma, e com esforço e dedicação dos pioneiros, a construção do Santuário ocorreu a todo vapor.
Por fim, em 25 de dezembro de 1973, o Santuário foi inaugurado, com a benção e celebração da Santa Missa por dom Antônio Maria Alves de Siqueira, Arcebispo de Campinas.
Em 13 de dezembro de 1978, assumiu a direção da Igreja Monsenhor Fernando de Godoy Moreira Moreira, que ficou á frente das grandes realizações do Santuário até outubro de 1999.
Aos poucos, Monsenhor Fernando transformou a capela localizada no antigo loteamento do DAE no Santuário Menino Jesus de Praga.
O Santuário possui hoje a estrutura de uma verdadeira paróquia, com várias pastorais, equipes de trabalho, a creche Menino Jesus de Praga, hoje com mais de 200 crianças.
Possui também uma biblioteca, uma grande secretaria, um salão de festas e uma casa paroquial.
Após mais de 20 anos de dedicação ao Santuário Menino de Praga, Monsenhor Fernando de Godoy Moreira assumiu a Paróquia de Santa Rita de Cássia, sendo nomeado para reitor do Santuário o padre José Luís Araújo, em 23 de outubro de 1999.

sábado, 20 de agosto de 2016

Orosimbo Maia

Na cidade, uma famosa avenida leva este nome.
Estamos na Orosimbo Maia, um dos principais corredores da Terra das Andorinhas.
Ao longo do dia, sobretudo nos horários de pico, um movimento intenso de carros e motos integrando vários bairros com o centrão.
Por suas esquinas e endereços, muita diversidade ao longo deste logradouro.
No seu início, um desmembramento entre o Botafogo, bairro antigo da cidade, e o Mercadão: área (digamos) tensa e acantoada. Imagina-se que um projeto de integração focado nesta microrregião pudesse atenuar ou banir estas adversidades urbanas e sociais.
Adiante à avenida, destaque especial para a Maternidade de Campinas, principal estação de chegada à vida da maioria dos campineiros.
É na maternidade que a maioria do desembarque para a vida acontece. Dentro da mesma, há inclusive uma seção específica só para emitir certidão de nascimento: o primeiro registro civil.
Entre as suas vias, o córrego Anhumas aflora das canalizações de concreto, nascendo da convergência das pequenas nascentes ao longo da região central. Isso é decorrente de atividades urbanísticas ao longo do tempo, que foram canalizando e tornando submersos vários destes córregos, e escondendo-lhes para os cidadãos e para a história.
Mas...
E quem é a pessoa?
O nome vai bem além de uma via de acesso.
Trata-se de um ilustre cidadão, por quatro vezes prefeito na cidade, numa época mais nobre da política.
Consta na história que o mesmo foi referência de pioneirismo, colocando a cidade na vanguarda do país, endossando e formalizando o título de Princesa do Oeste.
Foi na sua residência, extinta casa entre General Osório e Lusitana, que se teve a primeira instalação de luz elétrica da cidade: a energia era obtida por gerador.
Sobre influência francesa, a primeira residência a ter papel higiênico.
Foi dele o primeiro automóvel da cidade, mas já circulavam na época outros que vinham da Capital.
Responsável por influência direta nos rumos e caminhos da cidade.
Instalou na cidade o telefone automático.
Construiu, com doação pessoal do terreno, a antiga e extinta Maternidade, que depois virou Rodoviária. Esta, há alguns anos, já foi implodida, num espetáculo cinematográfico.
Além do já citado, muitas obras e feitos ao longo da sua posição de alcaide: Teatro Municipal; Lar dos Velhinhos (antes Asilo para Mendigos); Rotary Clube, Clube Campineiro (hoje o imponente Jockey Club); Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA); reestruturação no Cemitério da Saudade; construção de várias galerias pluviais...
Na educação, e para a elite, o Colégio Progresso: exclusivo para mulheres.
'Modernizou' a forma de coleta de lixo na cidade, com a troca dos veículos de tração animal por caminhões.
Numa referência ao tempo, seu período de atuação política foi nas três primeiras do seculo XX.
Por uma série de fatores: seu perfil, a influência política, a ligação direta com São Paulo, a distância da capital e confluência de datas... É muito provável que ele tenha tido influências, mesmo que parciais, do movimento modernista do país.
Foi um visionário.
Um homem a frente de seu tempo.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Bairro Carlos Gomes


Região distante do centro de Campinas, já na divisa com Jaguariúna.
Um dos bairros mais antigos de cidade, formado por um povoado no local, com um pequeno conjunto de casas remanescentes do período de formação da cidade.
Na arquitetura e fachada das mesmas, a tradução de um passado colonial. Uma releitura do tempo.
No presente, a paisagem vai, aos poucos, mudando e a região sendo invadida pela expansionismo imobiliário: condomínios, chácaras, empresas...
O bairro está dentro do circuito turístico da Maria Fumaça, que sai de Anhumas(Campinas) e vai até a estação(histórica e restaurada) de Jaguariúna nos feriados e fins de semana.
Em parte dos trechos que hoje passam locomotivas a vapor, já trafegou, no passado, vagões pertencentes à Mogiana. O que houve, mais recentemente, foram ajustes em bitolas e no percurso para enquadrá-las num trecho de passeios culturais.
Consta que, até uma certa época do passado, o trem somente passava pelo bairro, mas a estação Carlos Gomes(mesmo nome do bairro) foi feita bem depois, com o propósito de facilitar o escoamento de produtos agrícolas.
Praticamente, eram fazendas que haviam na região, e as influências políticas e locais dos aristocratas foram determinantes para a construção desta nova parada. Logo, sua construção foi mais atender aos aristocratas, do que propriamente ao transporte de pessoas. De certa forma, isso faz até sentido, posto que havia poucos moradores nesta região.
Mesmo assim, é perceptível a formação do povoado nos arredores da estação, influenciada pela proximidade com a mesma.
Isso dentro do contexto de políticas urbanas é natural: o nascimento de vilas/povoados nos arredores de algum meio de transporte(no caso, o trem).
Hoje, além dos serviços turístico e histórico, a estação é o principal ponto em que são feitas restaurações/manutenções dos trens e locomotivas antigas.
Vale a pena fazer um passeio de carro por lá, e conhecer um pouco da história ferroviária e surgimento dos primeiros núcleos urbanos.
É um local, aliás, desconhecido por grande parte dos campineiros.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Terminal Central

No entorno, um aglomerado de vendedores disputando espaços e clientes, além de intermitentes e esporádicos ambulantes.
Estou na região do Terminal Central de Campinas, próximo ao Viaduto Cury.
Se não é a parte da cidade que tem o maior fluxo de pessoas, está próxima de ser, disputando, muito provavelmente, com a 13 de maio e a Glicério quem recebe mais gente ao longo do dia.
O expressivo e muitas vezes tumultuado fluxo de pessoas, sobretudo nos horários de pico, deve-se ao terminal de ônibus urbanos, aonde chegam e partem pessoas para os mais distintos e variados destinos na cidade.
Pela manhã, ainda próximo ao raiar do dia, é perceptível a correria de muitos.
Gente que ainda tenha que, porventura, pegar pelo centro outra lotação ou mesmo percorrer uma longa caminhada até o destino final.
É... A vida de usuários do sistema de transportes não é nada fácil. Além das dificuldades diárias do trabalho, os que se utilizam dos veículos coletivos passam por aventuras e peripécias no traslado: atrasos, inseguranças, baixa qualidade do serviço prestado, congestionamento, alto custo dos passes...
Mesmo na pressa matutina, ao passar pelo Terminal, muitos dão uma pequena pausa para tomar café.
Para a maioria, este é o local do primeiro e rápido lanche da manhã.
Nas arredores, muitas bancas servindo pão de queijo aos montes.
O baixo custo, a localização estratégica ao longo do caminho percorrido, bem como o sabor do mesmo( e sempre quentinho), tornam este o alimento mais consumido no centro, sobretudo por estes transeuntes. Fornos para atender esta demanda não param.
Aos que trabalham nesta redondeza, a maioria se conhece, o que é algo até natural. Há um clima de familiaridade entre os mesmos.
Na parte dos ambulantes, há uma gastronomia peculiar nos lanches.
Vendedores simples, com quitutes e guloseimas das mais variadas opções e produzidas em casa, têm na região o seu trabalho alternativo, a sua fonte de renda.
Outro ponto: em relação aos custos com alimentação praticados na região, observa-se que é fácil passar o dia nas redondezas com gastos bem baixos com comida. Se comparados aos preços praticados pelo resto da cidade, lá é bem barato.
A área é, de fato, bem popular.
Muitos reclamam de violência e falam bastante disso.
O que poucos se esquecem de falar é que nestas cercanias há também muita gente trabalhadora, que luta diariamente para manter, de forma honesta, o seu sustento. Verdadeiros heróis anônimos no teatro da vida, que exige, intermitentemente, o improviso, e que nem sempre dá tempo para ensaio.

Rua Ferreira Penteado

Importante rua de Campinas, incluída no imenso acervo histórico da cidade.
Já teve como um dos seus endereços principais a sede do município.
Assume, ao longo de seus trechos e suas quadras, perfis sociais bastante distintos e extremos.
Desde alguns poucos moradores pertencentes às classes mais altas até os mais desprovidos de praticamente a maior parte dos direitos.
Tudo isso em seus aproximadamente 14 quarteirões.
É um bom exemplo de análise dos contrastes sociais e urbanos na cidade.
Morar nesta rua pode assumir peculiaridades das mais distintas conotações.
Seu início fica exatamente com a Coronel Quirino, em área nobre do Cambuí, finalizando-se no início da Andrade Neves com a tradicional Estação Ferroviária, na velha e mais antiga região central. Nesta região, o entorno é interligado por ruas decadentes e consideravelmente degradadas, caracterizadas por uma boemia secular que existe desde os primórdios de formação da cidade.
Analisando-se de forma geral os principais pontos ao longo desta rua, podem-se mencionar:
-Casa de Portugal, com seus constantes eventos culturais de caráter lusitano, além de outros com perfil mais genérico. A comunidade portuguesa campineira tem neste ponto um excelente local para cultivar e manter suas tradições;
-Mercado Campineiro: este tem tantas coisas para contar e descrever que merece uma crônica especial dada a sua importância;
-Poupatempo e Correios: (com entradas pela Glicério) sempre prestando serviços burocráticos à população;
-Corpo de Bombeiros: atendendo emergências e salvando vidas a todo o momento.
-Palácio dos Azulejos: (entrada oficial atual pela Regente Feijó). Hoje, funciona um centro cultural administrado pela Secretaria Municipal de Cultura, com enorme acervo da história da cidade. Merece uma visita com tempo. Foi neste local que funcionou durante muitos anos a Prefeitura: época dos barões, coronéis e da aristocracia.
Conversando com antigos campineiros...
É inegável que, no passado, ela tivesse um tom mais nobre e influente na cidade que na atualidade.
Curiosidade: sobre o cidadão que dá nome a esta rua, há um detalhe que talvez muitos não saibam. Ele já residiu na mesma, no local que hoje fica o Palácio dos Azulejos, num tempo bem antes mesmo de ser a sede oficial do prefeito. Dessa forma, traços arquitetônicos do prédio, que é inclusive tombado pelo patrimônio cultural, foram mais voltados ao casarão de um aristocrata, do que propriamente ao espaço público e administrativo.
A Ferreira Penteado é, pois, uma rua cheia de antíteses, bem como paradoxos. 
Inevitável falar da história de Campinas sem mencioná-la.