Um dos bairros mais antigos de Campinas, que
vem se modernizando nos últimos anos com a expansão imobiliária.
O bairro que antes era tranquilo, agora já
enfrenta (em alguns momentos) um ligeiro congestionamento nos horários em que
as pessoas vão e retornam do trabalho. Algo perceptível na Ângelo Simões,
Saudade e Abolição. Mesmo assim, a tranquilidade pode ainda ser notada em ruas
como Afonso Pena, Henrique Dias...
Com seus moradores mais antigos é
possível conhecer mais detalhes, contos e histórias do bairro. Pessoas que veem hoje as
mudanças naturais que o bairro vem passando, m as que não trocariam jamais de
endereço.
Há algumas décadas o bondinho era o
principal veículo que unia o centro ao Cemitério da Saudade. Junto à entrada
deste, podemos ver uma homenagem de Campinas aos soldados que entregaram suas
vidas na Revolução de 32. A revolução é um marco para o Estado, tanto que isto
é sempre oficialmente lembrada no calendário civil do Estado. Trata-se do
feriado de 09 de julho. Uma homenagem aos combatentes.
Em conversas com antigos residentes da Rua
Abolição ... muitas lembranças e casos. Contos de jovens que, durante os vários
ciclos e fases da ditadura militar, eram clinicamente diagnosticados como
loucos e levados para o Sanatório Santa Isabel, simplesmente por serem
considerados subversivos ao regime at&e acute; então vigente. O prédio foi
desativado durante um bom tempo. Depois foi albergue para moradores de rua. Hoje faz
parte do condomínio residencial Pateo Abolição. Passou por uma considerável
reforma, tendo sua fachada preservada. Agora o mesmo se encontra incorporado ao
condomínio e é, naturalmente, privado. Ainda na Abolição, muita conversa
era trocada na Padaria Santo Antônio, na barbearia do Seu Zé e no Bar Canindé.
Neste reduto, de praxe, podia se fazer uma fezinha com o jogo do bicho. Hoje,
isso tudo acabou. E só ficou nas lembranças de quem conta.
Para a comodidade dos comerciantes locais,
podia se fazer a contabilidade ali mesmo, sem a necessidade de ir ao centro, o
que, naturalmente, tinha outras opções. Isso podia ser feito no Escritório
Contábil São Manoel.
Mudando de rua, indo para a Saudade, vemos a
religiosidade presente numa das maiores Igrejas de Campinas, a de Santo
Antônio. Sempre cheia aos domingos, a mesma tem um movimento atípico de fiéis e
visitantes uma vez por ano, o que é bem além de sua rotina e do calendário
litúrgico convencional. Isso ocorre em junho, na data do Padroeiro. É um número
expressivo de devotos que visitam a mesma com vários propósitos de alcançar
graças, em especial a do casamento. Outro ponto nesta rua e que não existe mais
é o Instituto Adolfo Lutz, produtor de vacinas. Neste local temos hoje o
moderno prédio da SANASA.
Duas escolas de mesmo nome havia na Saudade:
o Colégio Dom Barreto. O particular está em pleno funcionamento de
suas atividades. O estadual não existe mais no local.
Durante um bom tempo, e especialmente aos
domingos, era comum se comprar marmitas das irmãs. Naquela época, as pessoas
levavam marmitas de alumínio de casa, e elas voltavam cheias de comida para o
almoço dominical, com um tempero especial que valia a pena.
Na parte do misticismo, havia uma benzedeira
muito famosa na região, que morava próxima à ponte em que começa a Avenida
Ângelo Simões. Dona Dioma, como era conhecida, tinha poderes adicionais com
suas orações. Era uma benzedeira que atraía gente de todas as partes da cidade
e de outros municípios. Curava muitos males que a medicina nem sequer
prescrevia.
Quanto à boemia, isso não mudou. Alguns
bares até fecharam e outros abriram, mas esta essência do bairro se manteve, e
é uma marca registrada. Um bar que é muito conhecido tanto pelos nostálgicos
quanto saudosistas é o Canindé, que hoje só resta na memória. Por
outro lado, existem os tradicionais que continuam a todo vapor, como Adega
Santo Antônio (de influência portuguesa, com bandeira de Portugal e imagem de
Nossa Senhora de Fátima – para quem não souber: a padroeira dos lusitanos); o
Vadico (reaberto e restaurado pelo filho do mesmo recentemente); o Soares e
outros mais... A lista aqui é longa e considerável.
Uma curiosidade aos leitores que não
conhecem Campinas... A Ponte Preta - que é o maior e mais popular clube de
futebol de Campinas - não fica no bairro que leva o mesmo nome. O clube fica no
Jardim Proença.
Conhecer o bairro da Ponte Preta é algo que
vale a pena. É um bairro cheio de peculiaridades, com presença significativa na
história de Campinas. O bairro tem incontáveis pontos positivos. A ideia aqui é
somente exaltar a região, que tem vastas qualidades e merece uma visita
detalhada e com tempo. Sugiro que os interessados em saber mais sobre a cidade
façam o mesmo.
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